Protocolo de quarentena da NASA após retorno da Apollo 11 era inadequado
Estudo indica que os protocolos de proteção planetária da NASA, usados após o retorno dos astronautas da Apollo 11, não teriam evitado a contaminação planetária
Parece que os protocolos de proteção planetária, adotados pela NASA após o retorno dos astronautas da
Apollo 11, eram ineficazes. A agência espacial adotou os procedimentos para
evitar contaminação na Terra, caso houvesse microrganismos na Lua e eles
viessem de carona ao nosso planeta.
Naquela época, não se sabia ao certo se havia seres vivos na Lua. Isso abriu espaço para a pergunta: se
eles existissem e sobrevivessem à viagem de volta à Terra, será que poderiam
causar problemas por aqui? Para tentar evitar algo do tipo, a NASA planejou
quarentenas para os astronautas, instrumentos, amostras e veículos que tiveram
contato com materiais lunares.
Assim que retornaram, a tripulação da Apollo 11 foi
direcionada ao Laboratório de Recepção Lunar em Houston. Eles passaram três
semanas nas instalações, com o apoio de funcionários da NASA. À primeira vista,
o protocolo parece sensato, mas o novo estudo indica que os procedimentos eram,
em grande parte, apenas uma encenação.
Segundo o autor Dagomar Degroot, "o protocolo de
quarentena pareceu ser um grande sucesso porque não foi necessário", e os
procedimentos adotados eram inadequados. No estudo, ele destaca que os oficiais
da NASA sabiam que possíveis microrganismos lunares poderiam causar uma ameaça
existencial, mesmo que a probabilidade de isso acontecer fosse baixa.
Ele considera que a quarentena lunar provavelmente não seria suficiente
para manter nosso planeta em segurança se estes seres existissem. No artigo,
Degroot traz também várias descobertas obtidas ao longo de inspeções e testes,
que revelaram que as luvas e autoclaves do laboratório da quarentena tinham
rachaduras ou vazamentos.
Além disso, vale lembrar que a espaçonave Apollo não foi
projetada para evitar que possíveis seres contaminantes da Lua fossem expostos
ao ambiente terrestre. Basta lembrar que, quando a espaçonave Apollo retornou
da Lua e desceu ao oceano Pacífico, a cabine foi aberta para os astronautas
saírem.
Isso fez com que o ar dentro da cabine fosse liberado para a
atmosfera terrestre. "Se organismos lunares capazes de se reproduzir
no oceano da Terra estivessem presentes [na cabine],
teríamos problemas", observou John Rummel, que atuou em proteção
planetária na NASA.
Por outro lado, a agência espacial sabia que o risco de os
astronautas trazerem algum ser espacial perigoso era bem baixo. Mesmo que
houvesse micróbios na Lua, é difícil dizer ao certo se eles nos colocariam em
risco, até porque grande parte dos microrganismos presentes na Terra é
inofensiva.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na
revista Isis.
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